quinta-feira, 21 de outubro de 2010



Camila - 1ºFBI

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

`O anão solta o cú do lobo, é foda que hoje`

Em uma bela noite, na república Várzea, estavam Pereba, Pão, Bar-rata, Grafite e Abu conversando. Eis que surge o magnífico texto:



Durante a lua crescente, o lobo uiva alucinadamente quando vê a loba cheia de vontade de brincar de lobão com os três porquinhos que transavam constantemente com anões cegos e manolos que eram pequenos, mas apesar disso tinham uma enorme vontade de dar um abraço no pequeno ursinho cagado, um grande filho da puta, viado de merda e vai tomar no cú, porque eu já quem curte berimbau e pegando no meu pau, colocar dentro do cú. Tem um mundo, um conjunto cheio de xanas, algumas peludas, é a vida, mas como diria minha querida avó que na sua carriola berrava: “Porra, caralho!” O que é isso? Eu não sei, mas você com certeza no cara que diz “Eu não vou negar é meu pedaço de papel composto por fibras de eucalipto tibetano”. Alfred não perdoou, pegou seu machado ensanguentado, armou o golpe e enfiou no cú da puta barata que gosta de brincar com meu querido crocodilo loiro meu! E então, o Faustão dirigiu-se para seu cirurgião e, no fim das contas, ele era um ator pornô e tinha um belo e largo cú do caralho!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Eu nu e uma noite no fim.

O que você está pensando? Está chovendo lá fora não? Sabe, esse ar seco estava fazendo meu nariz sangrar. Não, não é nada legal. E esse calor me fazia ter que tomar muito mais banho que eu tomaria em um dia normal. Como assim? Antes de ir para faculdade, depois da faculdade – para tirar aquele cheiro do laboratório – e antes de dormir. Ah, mas meu cabelo fica cheirando mal. Será que é porque você não está todo o dia comigo, ou porque você quase nunca me vê depois da aula? “Tá”, acho que posso entender, mas acho que não é para tanto. Você poderia me ligar sem motivo também. Que sentido faz? É igual aquele filme – como se chama mesmo? – que a moça recebeu flores só porque é terça. Que sentido faz? Vai acusar meu pensamento sobre o mundo? Você não sabe nada. Às vezes – mesmo eu – precisamos saber o quanto você pensa sobre nós.

O que você pensa? Claro que não sou igual às outras. Estou parecendo? Por que eu? É sério. Por que eu? Claro que me pergunto. Mas eu acho que todas as pessoas se perguntam isso. Você não? Não brinque comigo, sou mais inteligente que você pensa. Não me importo. Ainda me pergunto. Se eu quero realmente saber? Não sei. Uma vez ouvi em algum lugar que se souber o que é o melhor em você, esquecerá do resto e se focará apenas naquilo. Lógico que não, a vida é tão curta para se focar apenas em uma coisa.

E o que é ruim em você? Ser bom em algo não fará você deixar de ser pior em outra coisa.

Amanhã? Ah, além do que eu sempre faço nas quartas, acho que nada. Qualquer lugar.

Não, nesse lugar não. Sempre quis ir naquele restaurante de massas. – risos – É você que precisa emagrecer. É, acho que se você não fosse assim, teria olhado diferente para você. Melhor? Não sei, acho que não. Não gosto desse jeito de gente. Isso – risos – não faz meu tipo. Não, não precisa pagar, podemos dividir. Claro que gostaria. Do mesmo jeito que gostaria que você abrisse a porta. Igualdade? Acho que nenhuma pensa seriamente na igualdade que você está falando. É mesmo – risos – quem não gosta de galanteios. Algumas morrem sem, mas eu já tomei. Não sei mesmo, mas foram poucos. Ansiedade é normal. Tentou com alguém enquanto está comigo? Estou brincando com você. Algumas sentem inveja sim. Isso me lembra de uma música.

Que horas são? As horas podiam não passar. É, acho que é mais sono. As aulas não são boas mais. Acho que pouco me faz sentir tão bem. Sim, cansaço. De tudo e todos. Não acho que é igual com vocês. A amizade mais parece uma guerra fria com nós. Não adianta rir, é a verdade. Lembra-se daquela que eu te apresentei? Contei para ela que eu queria e ela foi na minha frente. Com vocês se um fala o outro respeita. Ah, mas quando acontece todos falam que foi sacanagem. Bem... Fiz também. Se faria mais uma vez? Está com ciúmes?

Não quero me lembrar. Por que insiste? Vou ter que me esforçar para fazer melhor. Ser só não basta. Não sei. Na verdade é mais filosófico que verdade, mas não custa nada... Na verdade custa um pouco para fazer melhor. Para começar eu teria que me levantar. Nem se eu disser que estou com sede? Então me abrace mais forte, ou poderei sair.

Não quero voltar. Essa briga não deveria ser minha. Não adianta, uma hora terei que fazer algo. O que você faria em meu lugar? Gostaria apenas de “não conseguir imaginar”. Isso é que não gosto em você. Você não pode ser mais compreensivo? É duro para mim. O amanhã poderia nem ter começado. O sol? Talvez esteja com o alarme errado. Não ligou de propósito não? A vida está correndo lá fora e sou tão lenta. É difícil também. Não é tanto. Isso é só algo que a mãe e as amigas feministas dizem, não posso ser o que quiser. Nem você pode fazer o que quiser. Não, nem de mim. As coisas são difíceis e me sinto vulnerável. Acho que deveria me arrumar.

Só vou depois do banho. Afinal, está quente lá fora.


Flávia Bittencourt

domingo, 3 de outubro de 2010

Choro pela vida que deixei.

Essa é uma história escrita pelo Bar-rata, e é bastante grande, tem cinco capítulos, portanto vou postar pouco a pouco, hoje vão os capítulos I e II

Primeiro Choro: Passos deles em uma cidade dos outros

"A virtude não passa de uma tentação insuficiente."
George Bernard Shaw

Ao anoitecer na língua do mar - onde o sal protege a carne, onde o Jordão jorra a água que nos dá a comida tão cara, tão suave e tão santa. Tão santa que sem ela o sal secaria nossas vidas, nossos amores, nossa força e nosso triste caminhar longe do paraíso perdido. Tão santa que os próprios anjos devem beber de sua fonte – Dois varões entram a porta de minha humilde cidade.

Suas fisionomias são estranhas a nossos olhos. Andam levemente enquanto passam pelas portas de nossa cidade. Seus passos fazem as pessoas deixarem o que fazem para vê-los.

E andam, observando com um olhar estranho as pessoas. Todos os olham nos olhos.
Todos querem tê-los. Todos querem tocar suas peles. Seus rostos. Seu corpo.
Quem são os homens que andam pela cidade enquanto anoitece? O frio chega e eles não terão onde ficar. Quem são esses homens que atiçam a curiosidade e o desejo de todos? Na rua é muito. Não devem ficar com o povo, que perversamente farão o que desejarem. Quem são esses homens que parecem ter bebido da água do Jordão, como anjos?

I:I

Eis agora, meus senhores, entrai, peço-vos,
Em casa de vosso servo e passai nela
À noite, e lavai os vossos pés, e levantei-vos
Pela madrugada seguirás com cautela

Não meu bom homem. Não deves se preocupar
Pelas terras de Jeová chegamos aqui
No solo dessa rua ficaremos a acampar
Durante a noite fria vendo o alto daqui

Não deverias olhar aos céus sendo homem
Apenas anjos e o próprio senhor olham
Venham à minha casa. Onde todos comem.

Iremos então bom senhor e entraremos
Em sua casa. Comeremos seu banquete
Pois tu porfiares conosco. Então vamos.

E então trouxe aqueles homens que olham para os céus como se fosse seu lar para minha casa, para que lavassem seus pés, sujos da viagem longa que eles deveriam ter tido. Para que comessem junto de minha família.

Segundo Choro: Os chamados de fora

"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz."
Platão

Antes de deitar-nos, uma grande confusão tomou conta das ruas. Por elas estavam, com os olhos sedentos, desde o mais moço até o mais velho, todo o povo de todos os bairros. O que querem todos? Eu, sempre tentei me manter como um homem respeitoso nessa cidade.

Caminhei de cabeça ao alto. Dei-me genros e nunca cometi um crime contra meu senhor. Como tamanho montante de homens estão aqui, à frente te meu lar, lar de minha esposa e filhas? Lar humilde, lar onde lavei os pés daqueles que chegaram nessa cidade, com os olhos para o céu?

II:I

Meu caro senhor. Abra essas portas fechadas
Onde estão os varões que vieram nesta noite?
Traze-os fora a nós, para que sejas achadas
Como conhecidos dos homens nesta noite.

Pelas ruas de Sodoma andaram à tarde
E em sua casa seus pés puros lavaram
Com bocas limpas nos fizeram vir a alarde
E suas belezas distantes nos trouxeram

Conhecer esses homens devemos agora
Traga-os para fora e nos olhos veremos
E em suas peles tocaremos com demora

As ruas estão cheias com homens certos
Não deveis ter medo por eles que vieram
Pois viemos até aqui ver seus rostos

O olhar diferente dos habitantes da cidade ganhou prosa e se espalhou pelas bocas e pelos ouvidos dos homens. Homens que estão chamando meu nome para ter meus hóspedes. Hóspedes que são tão diferentes. Hóspedes que lavaram seus pés cansados na água de minha casa. Hóspedes que comeram de minha comida.

II:II

Meus irmãos, rogo-vos que não façais mal
Vejo seus semblantes vendo minha casa
Vosso pedido, ao meu ver, não deve ser normal
Outra criação de nosso senhor não atrasa

Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda
Não estiveram a deitar-se com nenhum varão
Por favor, homens, pensem sobre sua vinda
Pois ofereço o que diria: não terão.

Mas somente nada façais a estes varões
Porque por isso vieram abaixo para
À sombra de meu telhado cuidar de vilões

Justo sou com os estrangeiros que em casa
Iriam dormir, se vós não estivésseis com
Desejos por esses dentro de minha casa

II:III

Saí daí meu senhor, e abra tu logo a casa
Não queremos ouvir falas vazias
Não queremos ter sua lamentação rasa
Não continue com essas tais ousadias

Como estrangeiros, estes indivíduos
Vieram aqui habitar e querias tu
Tu que és um velho de resto, apenas o resíduo
Do homem que um dia foi novo, leal e cru

Querias ser juiz em tudo, oh velho?
Não deves e não és nada além de injusto
Pois a verdade em nós é apenas espelho

Agora velho, te faremos mais mal a ti
Do que a eles, pois recusa nosso simples querer
E de tua casa saíram em frenesi

E então, todos os homens, desde o moço até ao velho, aproximaram-se para arrombar a porta de meu lar, lar de minha mulher, de minhas filhas e sombra onde meus hospedes iriam deitar-se para seguir a viagem para o lugar que estiveram a olhar.

E os seus olhares brilham mais que os olhos da virgem mais bela que já andou por essas terras esquecidas por Jeová. Brilham mais que a estrela mais brilhante da noite. Brilham mais que a luz do sol que ultrapassa as pegadas brancas do senhor divino. Brilham mais que os olhos dos varões, que com força tentariam entrar em minha sombra, não aguentaram continuar a ver. Luz tão forte e bela que os olhos não queriam mais ver, pois tudo que poderiam enxergar seria sempre mais feia. E perdidos com a luz ficaram. E andando sem rumo em busca da luz que da porta de minha veio ficaram.

E para dentro de minha casa os homens de olhar claro como nunca me puxaram para me dizer sobre o que deveria ser e fazer

II:IV

Tens alguém mais aqui? Teus genros, e teus filhos
E tuas filhas, e todos quantos tens nesta
Grande e cruelmente cheias de empecilhos
Cidade que com terror e medo infesta

Tira-os fora desta cidade nefasta
Pois vamos destruir este lugar como
O senhor manda. Tal vida já se desgasta
Quando diz ao grandioso uno – não retomo

Porque o seu clamor tem engrossado diante
Da face do senhor maior, uno e sábio
E verás a cidade apenas fumegante

O terror e o medo nessa cidade serão
A única coisa que sempre se registrará
O querer do uno e a morte virão à multidão

Pela cidade, junto de minha família, fui. Cegos pela luz, os homens corriam perdidos. Poucos não estavam entre os varões que foram a minha casa. Amigos, irmãos perdidos sem salvação pela luz daqueles que trouxeram a mensagem do senhor. Mensagem de destruição e morte.

Por que, oh anjos do senhor, perdoe seus filhos que, com sua beleza infinita se perderam. Tantos morrerão sem como se salvar, tanto de sua fúria quanto de seu julgamento.

Se há justos entre nós, por que escolhes a mim? À minha família? Não sabemos o que havia com os outros justos que não viram seus arautos. Estavam cuidando de algum doente? Estavam falando de suas palavras? Estavam trabalhando para poder viver nesse lugar para o qual fomos mandados por causa de nossos antepassados feitos a tua imagem? Quem saberá oh uno?

Prezo pela minha vida assim como todos. Mas o pecado deles é meu pecado? O pecado dos meus pais são meus pecados? O pecado de meus avós são de meus pais e meus? Não conheci os pais de meus avós e não conheci nem ao menos o nome dos avós de meus avós. Devo pagar pelos pecados de quem tem ou teve meu sangue? Devo pagar pelos pecados do meu vizinho? Devo pagar pelo pobre que não foi acolhido ao chegar na cidade?

Devo pagar por aqueles que viveram mal? Por aqueles que viveram bem, mas que morrerão como os ruins? Não quero morrer oh senhor, mas não devem os justos morrer. Não devem os injustos morrer sem saber de suas injustiças. Chamarei como os arautos do senhor mandaram. Meus genros. Mas a morte ou a vida serão decidas por quem? Sem saber de seus erros?

II:V

Teu velho que guardou os homens da luz que cega
Tu trouxeste estrangeiros e eles da morte falam
Não nos cegamos e estamos vendo tal nesga
Entre esses terrenos de morte que exalam

Não zombe tu de nós, pois nós zombamos de
Tu com essas ideias dos estrangeiros
Estrangeiros loucos e falsos de verdade
Estão os perdidos dizendo ser feiticeiros?

Rio de tí velho crente dessas piadas
Acredita em tudo que te dizem mesmo se
For uma mentira que cause uma risada

Saia pela porta que entraste antes de
Contar aquilo que nos fez rir como nunca
Pois não iremos jamais com sua tal verdade


Lucas Ercolin - 3FBI