quarta-feira, 4 de maio de 2011

Consciência.

O que acontece quando exatamente do nada você sente vontade de escrever?
- Escreve oras...acho que seria a resposta mais adequada...
Mas e quando você não sabe o que escrever exatamente?
- Vai escrevendo que uma hora aparece o tema...
O problema maior é você começar a escrever e simplesmente depois de “mais de 8 mil” palavras o tema simplesmente não aparece. E é o que estou achando que vai acontecer agora...
Escrever é algo que faz minha imaginação parar de fluir tanto e se focar em algo mais concreto.
Concreto? Desde quando ficar escrevendo parágrafos sem ter um tema exato em mente...é concreto?
- Calma, o tema vai aparecer, sem pressa.
Pressa? Nem tenho pressa. “Pressa é inimiga da perfeição”, mas já que “Ninguém é perfeito” vou continuar escrevendo até que “A verdade seja dita”.
Verdade? Será esse o tema de texto tão espontâneo?
Já sei...
Não, não sei de nada na realidade.
Não saber...saber...na verdade, tudo é relativo.
A vida é relativa, o mundo é relativo. Tudo depende de um ponto de vista. Ponto de vista é pessoal e único, cada um nesse mundo tem o seu.
No momento falo de tudo e não digo nada.
- Dizer nada pode ser dizer algo.
Ah não inventa, consciência. Dizer nada é dizer nada mesmo...
Já ia esquecendo de falar, minha consciência tem mania de se intrometer nos meus textos.
- Intrometer não, sou mais como um conselheiro literário.
Eu não pretendo ser a próxima Clarice Lispector, então fique na sua e não me atormente.
Onde estava mesmo? Ah...ainda tentando achar um tema.
Aha já sei...CONSCIÊNCIA!
- Pois não?
Não é com você não, é sobre você! Vou falar de consciência.
- Não disse que o tema logo aparece?
Ah não me atrapalhe agora!
- Ok...desculpa!
Consciência. Todo mundo diz ter uma, certo? Já pararam para pensar que talvez na realidade você seja controlado pela sua consciência?
Acho que existem pessoas que de tão metódicas e “cheias de dedos” são controladas por tal. Imagina ser preso a situações, pois pensas demais nas conseqüências?
Era assim admito, essa tal consciência, sempre me controlava. Não era espontânea e sempre vivi com medo do que poderia acontecer se arriscasse.
Até que resolvi desistir de esperar por um dia que a consciência parasse de ser medrosa.
- Eu nunca fui medrosa, mocinha.
Já mandei você ficar quieta. Medrosa não, você era receosa! Agora shiu!
- Agora sim!
Temer o que eu não sabia se era certo, transformou-me em alguém que pode ser considerado bipolar. Mudava de idéia e opinião constantemente; além disso me imagina de um jeito e quando via que era imaginação de mais de pouca ação, desistia.
Hoje, sou assim, um tanto quanto receosa demais por outros motivos.
- Decepções...
É, decepções, mas isso é tema para outra hora, consciência.
- Ok!
Bom, acho que cheguei onde queria. Achei um tema...e consegui até o tema do próximo texto.
Consciência pode ser 100% você e você pode ser 100% consciência.
Pense!

Por Camila Nascimento

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Não me chame Não me chame Não me chame


Não me chame de menina. Não me chame de adolescente. Já sei tanto quanto você sobre qualquer coisa.

Não é só meu corpo, não são meus cabelos, não são minhas roupas ou amigas. Olho para minha sala e vejo meninos discutindo jogos, olho para mim e me vejo no meio de crianças grandes.

Garotos desengonçados, infantis e meninas andando como mulheres.
Crescendo aqueles 10 centímetros em instantes para ir a uma festa com adultos. Com mulheres como eu e com homens de verdade.

Não me chame de menina e não me leve para a matinê. Coloco uma meia 7/8 preta e um vestido, com uma bota.

Cara e corpo adulto, idade real baixa. Não estranhe se me ver com um homem ou com um garoto que está se tornando adulto – dezoito, vinte ou vinte e poucos. Agora ando para frente. Sei o que quero.

Já sei andar de salto, já sei beijar e já sei namorar. Não me estranhe se vierem me buscar de carro, pois é com ele que estou. Já sei o que
esperar de um homem, já sei o que esperar de uma mulher. Se me vir de mãos dadas com outra garota, já saiba que ela é mais que uma amiga.

Não se assuste quando me vir com um copo na mão. Não é refrigerante. Não é cerveja – amarga e fraca – mas é vodka da mais barata, pois vocês não me deram dinheiro o bastante.

E então, ouço risos da moça do canto da mesa. E ao ouvir com cuidado noto ser o alvo – vagabunda piranha.

Eu não sei o que quero? Ninguém nunca me obrigou a nada. Ninguém me disse o que fazer. Fui por que quis. Eu fui usada? Aquela pessoa gostava de mim? E chorando no quarto, tenho meus pais ouvindo e sentindo quão criança ainda sou.

Não me chame de menina, pois dei apenas mais um passo firme mostrando como sou.

- Não. Ainda é uma criança, mas de soutien.

Eu sei o que quero, sei o que fiz. Você não sabe da vida de outros adultos, não saberá da minha. Saí com, fiz com. Não é nada, a lei está errada e você idem.

- Não. Ainda é uma criança, mas com muitas plaquetas.

Não me chame de criança, pois não quero mais. Não quero andar como uma piada entre vocês. Não quero andar com aquelas piadas com quem convivo – Crianças com corpo e cabeça pequena e idade igual.

- Ainda é uma criança. Você só acha as coisas, Quebrará muito a cara e essa não foi a ultima.

Não me chame de criança, por favor.

Flávia Bittencourt

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Terceiro Choro: Pelo monte ao amanhecer

A continuação do conto do Bar-rata ...



Terceiro Choro: Pelo monte ao amanhecer

"O homem superior pensa no seu caráter; o homem inferior pensa na sua posição. Ao primeiro preocupam as penalidades pelos erros, e ao segundo, os favores."

Textos Confucionistas

III:I

Levanta-te e toma tua mulher e filhas

Acorde, pois o cedo é tarde para o senhor

Tuas filhas não devem tardar pois há milhas

Tua mulher não deve tardar em se compor



Escapa por tua vida que em risco está

Não olhes para trás de ti e não pares em toda

A campina por onde está para acinzenta

Para que não pereças antes da boda



Boda da vitória do senhor bondoso

Festa da morte daqueles dessa cidade

Pessoas que homens diriam ascoroso



Escapa lá para o monte antes que seja tarde

O tempo se esgota e logo acaba a viagem

O solo da cidade irá por algo que arde








III:II


Eis que, agora, o teu servo tem achado graça

Engrandecestes tua misericórdia

Para guardar toda a minha fraca alma em raça

E em seu amor ser guardado sem ter algum dia



Mas não posso escapar no monte com o medo

Do mal me apanhar e me levar para fora

Desse mundo e a morte conhecer o segredo

E então conhecer a verdade aterradora



Afastarei como o pedido apressado

Para uma pequena cidade que é bem perto

Para que vivo fique e bem abençoado



Por ser refúgio de minha família

De Zoar a pequena cidade chamarei

E sairei da cidade com bem ervilha



E quando saiu o sol sobre a terra, entrei na cidade enquanto o fogo e enxofre do céu caíram sobre as cidades em que o bem era uma ervilha e o mal era grande.

Amigos mortos, familiares mortos, vizinhos mortos. Aquele senhor que bebia vinho e com felicidade contava da sua mocidade, morto. O rapaz que trazia o vinho de longe, morto.

E pelo calor da morte das cidades de fogo, minha mulher olha para trás, descumprindo o que os varões disseram, e em uma estatua de sal, ela se tornou.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Grilhões do Super-ego

Um olhar, que se esquiva com sua atenção
que não consegue encarar tamanha adoração
que se esconde entra as pessoas
Apenas um olhar, que queria não existir

A coragem se atrofia apenas com sua presença
Profanando emoções em uma mente insegura
O que deveria ser o motivo da vida
Torna-se um desespero, um fardo

Desespero que se aglutina uma manhã
Em que seus olhos brilham por outro alguém
Manhã na qual um rugido de ira rompe a sanidade

Quando me vejo, você está finalmente em meus braços
Não quente e rosada, mas gélida como a noite
A eterna noite na qual estarei ao seu lado...

Bonilla - 2º FBI

Para os interessados, meu blog pessoal Hospício da Lucidez: http://insanespot.blogspot.com/

quinta-feira, 21 de outubro de 2010



Camila - 1ºFBI

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

`O anão solta o cú do lobo, é foda que hoje`

Em uma bela noite, na república Várzea, estavam Pereba, Pão, Bar-rata, Grafite e Abu conversando. Eis que surge o magnífico texto:



Durante a lua crescente, o lobo uiva alucinadamente quando vê a loba cheia de vontade de brincar de lobão com os três porquinhos que transavam constantemente com anões cegos e manolos que eram pequenos, mas apesar disso tinham uma enorme vontade de dar um abraço no pequeno ursinho cagado, um grande filho da puta, viado de merda e vai tomar no cú, porque eu já quem curte berimbau e pegando no meu pau, colocar dentro do cú. Tem um mundo, um conjunto cheio de xanas, algumas peludas, é a vida, mas como diria minha querida avó que na sua carriola berrava: “Porra, caralho!” O que é isso? Eu não sei, mas você com certeza no cara que diz “Eu não vou negar é meu pedaço de papel composto por fibras de eucalipto tibetano”. Alfred não perdoou, pegou seu machado ensanguentado, armou o golpe e enfiou no cú da puta barata que gosta de brincar com meu querido crocodilo loiro meu! E então, o Faustão dirigiu-se para seu cirurgião e, no fim das contas, ele era um ator pornô e tinha um belo e largo cú do caralho!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Eu nu e uma noite no fim.

O que você está pensando? Está chovendo lá fora não? Sabe, esse ar seco estava fazendo meu nariz sangrar. Não, não é nada legal. E esse calor me fazia ter que tomar muito mais banho que eu tomaria em um dia normal. Como assim? Antes de ir para faculdade, depois da faculdade – para tirar aquele cheiro do laboratório – e antes de dormir. Ah, mas meu cabelo fica cheirando mal. Será que é porque você não está todo o dia comigo, ou porque você quase nunca me vê depois da aula? “Tá”, acho que posso entender, mas acho que não é para tanto. Você poderia me ligar sem motivo também. Que sentido faz? É igual aquele filme – como se chama mesmo? – que a moça recebeu flores só porque é terça. Que sentido faz? Vai acusar meu pensamento sobre o mundo? Você não sabe nada. Às vezes – mesmo eu – precisamos saber o quanto você pensa sobre nós.

O que você pensa? Claro que não sou igual às outras. Estou parecendo? Por que eu? É sério. Por que eu? Claro que me pergunto. Mas eu acho que todas as pessoas se perguntam isso. Você não? Não brinque comigo, sou mais inteligente que você pensa. Não me importo. Ainda me pergunto. Se eu quero realmente saber? Não sei. Uma vez ouvi em algum lugar que se souber o que é o melhor em você, esquecerá do resto e se focará apenas naquilo. Lógico que não, a vida é tão curta para se focar apenas em uma coisa.

E o que é ruim em você? Ser bom em algo não fará você deixar de ser pior em outra coisa.

Amanhã? Ah, além do que eu sempre faço nas quartas, acho que nada. Qualquer lugar.

Não, nesse lugar não. Sempre quis ir naquele restaurante de massas. – risos – É você que precisa emagrecer. É, acho que se você não fosse assim, teria olhado diferente para você. Melhor? Não sei, acho que não. Não gosto desse jeito de gente. Isso – risos – não faz meu tipo. Não, não precisa pagar, podemos dividir. Claro que gostaria. Do mesmo jeito que gostaria que você abrisse a porta. Igualdade? Acho que nenhuma pensa seriamente na igualdade que você está falando. É mesmo – risos – quem não gosta de galanteios. Algumas morrem sem, mas eu já tomei. Não sei mesmo, mas foram poucos. Ansiedade é normal. Tentou com alguém enquanto está comigo? Estou brincando com você. Algumas sentem inveja sim. Isso me lembra de uma música.

Que horas são? As horas podiam não passar. É, acho que é mais sono. As aulas não são boas mais. Acho que pouco me faz sentir tão bem. Sim, cansaço. De tudo e todos. Não acho que é igual com vocês. A amizade mais parece uma guerra fria com nós. Não adianta rir, é a verdade. Lembra-se daquela que eu te apresentei? Contei para ela que eu queria e ela foi na minha frente. Com vocês se um fala o outro respeita. Ah, mas quando acontece todos falam que foi sacanagem. Bem... Fiz também. Se faria mais uma vez? Está com ciúmes?

Não quero me lembrar. Por que insiste? Vou ter que me esforçar para fazer melhor. Ser só não basta. Não sei. Na verdade é mais filosófico que verdade, mas não custa nada... Na verdade custa um pouco para fazer melhor. Para começar eu teria que me levantar. Nem se eu disser que estou com sede? Então me abrace mais forte, ou poderei sair.

Não quero voltar. Essa briga não deveria ser minha. Não adianta, uma hora terei que fazer algo. O que você faria em meu lugar? Gostaria apenas de “não conseguir imaginar”. Isso é que não gosto em você. Você não pode ser mais compreensivo? É duro para mim. O amanhã poderia nem ter começado. O sol? Talvez esteja com o alarme errado. Não ligou de propósito não? A vida está correndo lá fora e sou tão lenta. É difícil também. Não é tanto. Isso é só algo que a mãe e as amigas feministas dizem, não posso ser o que quiser. Nem você pode fazer o que quiser. Não, nem de mim. As coisas são difíceis e me sinto vulnerável. Acho que deveria me arrumar.

Só vou depois do banho. Afinal, está quente lá fora.


Flávia Bittencourt